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Trabalho Remoto – Como o RH pode ajudar?

O trabalho remoto passou a fazer parte da rotina de milhões de brasileiros. Aproximadamente um ano depois dos primeiros casos do novo coronavírus no Brasil, a pandemia ainda não deu sinal de que vai acabar. E, aparentemente, esta é uma realidade que mudará definitivamente algumas relações de trabalho.  

Mas, qual é o papel dos gestores de Recursos Humanos neste cenário? O que é possível fazer para minimizar os riscos e efeitos adversos desta situação? Como melhorar a qualidade de vida e de trabalho dos colaboradores? 

Trabalho remoto não funciona para todo mundo

A maioria das empresas e gestores acreditou que o trabalho remoto na pandemia duraria poucas semanas e que não haveria a necessidade de grandes mudanças ou adaptações para que seus colaboradores continuassem trabalhando com produtividade.  

Porém, a realidade é diferente. Os empregados sofrem com os efeitos da pandemia e do isolamento social. Embora algumas empresas tenham adotado o home office como método permanente de trabalho para boa parte de seus profissionais, nem todos conseguiram se adaptar a esse formato.

Uma matéria do Jornal Valor Econômico aponta o aumento da produtividade nos três primeiros trimestres de 2020, mesmo com a diminuição de horas trabalhadas. Entretanto, quando esses indicadores são analisados diante do grande número de demissões e consequente ampliação das tarefas dos empregados que assumiram as funções de quem se desligou, registra-se um esgotamento que reflete no índice do último trimestre de 2020.

Como tudo o que acontece de uma hora para outra, não houve um planejamento mais aprofundado e os problemas começaram a ser resolvidos conforme foram acontecendo. É neste contexto que muitas soluções, ideias e experiências interessantes surgiram para ajudar o gestor de RH a melhorar a situação.

Os números do trabalho remoto em 2020

No Brasil, conforme estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em novembro de 2020, o percentual de pessoas trabalhando remotamente era de 9,1% dos empregados no país. A remuneração destes profissionais foi de R$ 32 bilhões, ou seja, 17,4% do total de rendimentos pagos.  

Neste contexto, o perfil dos trabalhadores em home office indica a realidade dos lares brasileiros: 57,8% eram mulheres, 76% tinham nível superior completo e 31,8% apresentavam idade entre 30 e 39 anos. A maioria estava no setor formal: 6,2 milhões de pessoas (84,8% do total), enquanto os outros 15,2% dos trabalhadores em home office estavam na informalidade – 1,1 milhão de pessoas. Esses profissionais precisaram aprender a combinar o trabalho com o homeschooling no mesmo ambiente. 

Já outro estudo do IPEA aponta que o trabalho remoto poderá alcançar 22,7% das ocupações existentes no país, arregimentando mais de 20 milhões de pessoas. Os dados indicam que o trabalho remoto veio para ficar e vai crescer cada vez mais, pois as vantagens são várias, para o colaborador e para a empresa. 

Vantagens do trabalho remoto para os colaboradores

Privacidade e foco – o profissional pode dedicar 100% da sua atenção ao seu trabalho, com exceção das situações emergenciais. 

Economia – trabalhar em casa reduz gastos com transporte, refeição e outros. 

Qualidade de vida – o home office elimina o desgaste com as idas e vindas do trabalho e até mesmo com os deslocamentos para se alimentar, fazendo com que o profissional tenha mais tempo livre, seja para o descanso e lazer, seja para se aprimorar. 

Definição de horários – muitas empresas exigem que o trabalho seja entregue, mas não que o funcionário cumpra um horário pré-estabelecido. Já outras, são flexíveis, mas dentro de termos que façam sentido à produtividade esperada. 

Autogerenciamento – quando não está determinada a ordem de execução das tarefas, o profissional pode realizar suas atividades da maneira que acredita ser mais produtiva. 

Estar mais próximo da família – é possível acompanhar mais de perto a família, filhos e/ou pets. Embora possa ser estressante coordenar a vida pessoal e a profissional, muitos sentem maior segurança e tranquilidade ao poder atender as necessidades da família prontamente.

Vantagens para as empresas

Produtividade – de acordo com pesquisas, o trabalho em home office pode, sim, aumentar a produtividade. Porém, é importante lembrar que esta não é uma regra e que, se os colaboradores não forem bem geridos, o resultado pode ser o inverso. 

Redução de custos – são menores os gastos com energia elétrica, água, vale-transporte e outras despesas de infraestrutura. Porém, quando o colaborador passa a arcar com estes e outros custos, como internet e eletricidade, por exemplo, o RH pode estudar como as políticas de remuneração podem estimular e engajar o colaborador, principalmente para aqueles que trabalhavam na empresa e agora estão em trabalho remoto. 

Qualidade – com todos os colaboradores já acostumados ao teletrabalho e acompanhados de perto por seus gestores, a qualidade do que eles produzem tende a aumentar. Mas, assim como no caso da produtividade, é preciso criar condições para que isto aconteça, como o uso de ferramentas de produtividade. 

Agilidade – como muitas empresas estão tendo contato com as ferramentas de gestão da produtividade somente agora, o aumento da agilidade nos projetos pode se transformar em realidade. Esta agilidade vai muito além da rapidez nos projetos e pode refletir na velocidade com que novas oportunidades de negócio são criadas ou aproveitadas. 

Novos talentos – encontrar profissionais talentosos não é uma tarefa fácil. Porém, o home office oferece uma possibilidade neste sentido: elimina a necessidade do profissional se deslocar até a empresa todos os dias, tornando possível a contratação de colaboradores que estão distantes da unidade física da empresa.

Os riscos do trabalho remoto

Existem alguns efeitos negativos no trabalho remoto e eles estão relacionados tanto a fatores pessoais da rotina dos colaboradores quanto à falta de planejamento e direcionamento da empresa:

Diminuição da produtividade – muitos apontam a dificuldade de concentração como principal motivo. 

Perda de contato com a equipe – o contato não é tão ágil quanto falar com o colega ao lado. Muitas vezes é preciso agendar um horário para poder conversar, mesmo que por alguns minutos. Isso gera mais um prejuízo à produtividade, pois diminui a interação e a ajuda mútua nos projetos. 

Segurança do trabalho – muitas vezes, o colaborador não tem um espaço adequado para o trabalho e a questão ergonômica fica comprometida, causando danos à saúde. 

Rotina – muitos profissionais, fora do ambiente de trabalho, não conseguem se prender a uma rotina, alimentando-se pouco ou em excesso, além de não conseguirem trabalhar por períodos contínuos. 

Criatividade – estudos da Universidade de Stanford mostram que o teletrabalho diminui os resultados criativos e as ideias inovadoras geradas em grupo. 

Insegurança – ficar muito tempo afastado do local de trabalho causa insegurança ao colaborador, por conta do isolamento e do constante fluxo de notícias sobre o fechamento de empresas e demissões no mercado, diminuindo o engajamento e, consequentemente, a produtividade. 

Sobrecarga – muitos colaboradores, preocupados em auxiliar a empresa neste momento difícil da economia ou mesmo em mostrar seu trabalho, acabam trabalhando 10 ou 12 horas por dia. O stress aumenta, a qualidade do trabalho diminui.

Ferramentas e ideias para os gestores de RH

Para manter a produtividade e sua equipe de colaboradores satisfeita, as empresas têm agido de diversas formas, sendo os gestores de RH fundamentais neste processo. 

Ferramentas de produtividade – em primeiro lugar, utilizar aquelas que permitem as reuniões virtuais. São elas que possibilitam a troca de informações com uma certa sensação de presença, por meio do vídeo. As principais são o Google Hangouts, o Teams e o Zoom

Depois, implementar as que permitem o gerenciamento de projetos e atividades, tanto individuais, quanto da equipe toda. As mais conhecidas e utilizadas do mercado são o  Monday.comTrelloAsana and Airtable.  

Estas ferramentas possibilitam que as equipes organizem seus trabalhos e projetos, que cada colaborador conheça suas responsabilidades, e o mais importante: documentam as etapas realizadas e permitem que todos compartilhem os resultados de suas atividades. Além disso, os gestores podem acompanhar as atividades em desenvolvimento e monitorar tanto as demandas quanto as entregas.

Espaço próprio de trabalho – sugerir aos colaboradores que eles criem um ambiente exclusivo para o trabalho dentro de casa é uma ótima ideia. Desta maneira, eles são estimulados a separar mentalmente o espaço de trabalho do espaço de lazer e convivência. Assim, enquanto trabalham, eles terão mais foco e atenção, garantindo a produtividade e a qualidade do que é produzido e, quando não estiverem trabalhando, poderão relaxar e descansar realmente, o que impacta diretamente a qualidade de vida. 

Acompanhamento – os gestores podem criar um momento diário, preferencialmente no início do dia, para conversar com os colaboradores. Assim é possível definir as prioridades do dia e analisar o que vem sendo produzido, além de orientar para as próximas tarefas. 

Os profissionais de RH, por sua vez, podem realizar estes bate-papos para verificar como os colaboradores estão se sentindo, oferecendo apoio, estímulo e segurança, sempre que necessário.  

O ideal é que estas conversas sejam com um profissional de cada vez, em ambos os casos. Assim, todos têm direito a expressar suas opiniões e sentimentos, evitando a exposição e o constrangimento.

Estimule o contato – crie espaços e momentos para os colaboradores interagirem e conversarem sobre outro assunto que não seja o trabalho. Pode ser durante alguns minutos no início ou final das reuniões ou em um happy hour virtual um pouco antes do final do expediente. 

Demonstre reconhecimento – enviar uma mensagem de agradecimento, um presente ou mesmo um bônus por produtividade mostra que a empresa reconhece esforços, principalmente neste momento tão complicado.

As lições do isolamento

De todas as lições aprendidas durante este período de isolamento social, talvez a mais importante seja esta: o RH precisa estar realmente próximo dos colaboradores. 

A palavra que deve guiar o comportamento dos gestores de RH para com os profissionais é empatia. É preciso compreender que nem todos se adaptam facilmente às mudanças para o home office, ainda mais quando estas mudanças ocorreram de forma tão repentina. É necessário que estes colaboradores se sintam amparados pela empresa, pois a sensação de abandono pode surgir, devido à falta de contato com o ambiente físico no qual eles passavam a maior parte do dia. 

É fundamental que o RH se preocupe com a produtividade, mas também com o bem-estar e a sua saúde física e mental.    

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