A economia mundial tem uma nova perspectiva para o próximo semestre, muito diferente do cenário negativo de 2020. A vacinação contra a Covid-19 já está acontecendo em grande parte dos países, achatando a curva de contágio e reduzindo o número de casos.
Mas, como essa nova realidade afeta a economia mundial? Quais são as perspectivas para o futuro?
Os dados mostram que 2020 não foi um ano perdido
Muitos especialistas apontam que a pandemia do novo coronavírus gerou uma crise econômica semelhante a de 2008. Durante o primeiro semestre, enquanto a crise ganhava corpo, não era possível afirmar se ela teria a mesma extensão, quão profunda era e, pior, se havíamos atingido o fundo do poço. Outros especialistas apontavam que a crise era tão danosa quanto a de 1929, que deu origem à Grande Depressão.
Um dos grandes causadores desta crise foi a diminuição conjunta da oferta, reduzida por dificuldades técnicas e de matéria-prima; e da procura, tanto devido à incerteza econômica, quanto ao aumento do número de desempregados, que também é um termômetro indicador da instabilidade econômica.
Porém, ao final de 2020, foi possível verificar os números reais:
- O PIB brasileiro caiu 4,1% durante 2020;
- O número dos empregos com carteira assinada no país: foram abertas 142.690 vagas em 2020. Este número é resultado das 15.166.221 contratações e de 15.023.531 demissões durante o período;
- A China foi o único país com movimento positivo do PIB em 2020, com 2,3% de crescimento. Os outros países tiveram variações entre -0,8% (Noruega) e -11% (Espanha);
- A queda do PIB global era estimada em 4,4%, segundo o FMI.
Sendo assim, não foi um ano perdido. Os governos não ficaram de braços cruzados durante o período e, dentro das possibilidades, criaram estratégias de enfrentamento da crise.
Estímulo ao mercado para aquecer a economia mundial
Os governos de todo o mundo, dentro de suas realidades econômicas e sociais, implantaram estratégias para evitar que a crise se aprofundasse ainda mais, aquecendo a economia por meio do estímulo ao mercado, desde os produtores até os consumidores, evitando que a crise gerasse uma estagnação econômica ainda maior.
Um dos exemplos mostra essa preocupação global: o FMI flexibilizou os pagamentos dos empréstimos realizados por países de menor poder econômico, que representam um valor de mais de US$ 100 bilhões. Além disso, o fundo disponibilizou mais de US$ 1 trilhão para auxiliar os países mais necessitados durante a pandemia.
Especialistas apontam que estes estímulos devem ser mantidos durante 2021 em muitos países, o que culminará em um crescimento global previsto na ordem de 5,2%. Nos Estados Unidos, este crescimento deve ficar em torno de 4%. Esta expansão deve tomar fôlego pelo pacote fiscal de US$ 900 bilhões criado pelo governo federal do país.
Quando o assunto é a China, um dos players centrais na economia global que controlou a pandemia de maneira mais precoce e não precisou de estímulos internos, o crescimento também acontecerá, mas não deve ser tão expressivo quanto o americano ou o brasileiro.
O crescimento da riqueza no mundo demonstra ser resiliente, apesar das múltiplas crises que afetam a economia global desde 2008 e que agora se aprofundam com a pandemia. Apesar do tombo de 2020, a perspectiva é que até 2024 a somatória das riquezas dos países cresça 4,5% ao ano em relação ao nível de 2019.
Um estudo do BCG – Boston Consulting Group aponta três cenários possíveis de crescimento da riqueza para os próximos anos: no mais otimista deles é previsto o crescimento global anual de 4,5% com a riqueza total subindo dos US$ 226 trilhões em 2019 para US$ 282 trilhões em 2024.
Na pior das hipóteses, o estudo aponta que o valor da riqueza total seria, no final de 2024, de US$ 243 trilhões, ou seja, um crescimento anual de 1,4%.
Já no Brasil, os economistas esperam um crescimento do PIB na ordem de 4,2% em 2021, devido à ampla vacinação iniciada e o “empurrão” dado pelo gasto fiscal e o relaxamento monetário de 2020, que continuam criando oportunidades de emprego e renda para milhões de brasileiros.
Quais são as mudanças econômicas que vieram para ficar?
As mudanças na economia mundial, além de econômicas, são comportamentais e geopolíticas.
1 – A economia é digital
Comprar, vender, trabalhar e receber dentro do ambiente on-line é a realidade de um número cada vez maior de empresas, profissionais e consumidores, trazendo para o mercado agilidade e maior facilidade nas movimentações financeiras.
2 – Os líderes da economia mundial mudam de lugar no pódio
Os EUA lideravam a economia e o mercado internacional, mas a China agora tem o maior PIB: US$ 28,78 trilhões. O gigante asiático consagrou-se definitivamente como um polo de tecnologia e inovação, além de aumentar seu mercado interno, pois o país possui mais de 1,4 bilhão de pessoas.
Esta mudança coloca os EUA em segundo lugar, considerando o PIB de US$ 22,97 trilhões. A Índia, por sua vez, continua em 3º lugar, registrando PIB de US$ 10,61 trilhões.
3 – Enfraquecimento do dólar
A moeda americana começa a enfraquecer perante a economia global. Para reduzir os danos da pandemia no país, o Banco Central Americano imprimiu nada menos que US$ 3 trilhões em 2020. Este número representa 21% de toda a reserva da moeda americana existente.
A grande oferta desvalorizou a moeda, quando comparada com outras moedas de referência. Entretanto, o dólar continua sendo a moeda preferida para negociações internacionais, mas já não é vista como fonte de segurança econômica principal.
A receita do Brasil, peça-chave na economia mundial
Segundo especialistas, para que a recuperação da economia brasileira aconteça com mais força, além dos incentivos e da participação estatal, o país precisa da participação do setor privado nacional e de investidores externos.
Alguns destes investidores começam a enxergar no país a realidade de uma recuperação, pois os números positivos apresentados transformam o Brasil em uma boa possibilidade de retorno.
Outro fato deve ser levado em conta: há dezenas de multinacionais que tiveram problemas em sua cadeia de suprimentos por dependerem da China durante a pandemia, um movimento que só vem aumentando desde 2019, quando nada menos que 50 grandes empresas americanas saíram da China. Este movimento deve aumentar e o Brasil pode se beneficiar dele.
Isto porque o Brasil é o 4º destino global de investimentos. Neste cenário de busca por novos locais para a instalação de empresas, as possibilidades mostram que o território brasileiro deverá receber muitos investimentos nos próximos anos.
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